14 agosto 2008

"Só o que me exalta ainda é a única palavra, liberdade. Eu a considero apropriada para manter, indefinidamente, o velho fanatismo humano. Atende, sem dúvida, à minha única aspiração legítima. Entre tantos infortúnios por nós herdados, deve-se admitir que a maior liberdade de espírito nos foi concedida. Devemos cuidar de não fazer mau uso dela. Reduzir a imaginação à servidão, fosse mesmo o caso de ganhar o que vulgarmente se chama a felicidade, é rejeitar o que haja, no fundo de si, de suprema justiça. Só a imaginação me dá contas do que pode ser, e é bastante para suspender por um instante a interdição terrível; é bastante também para que eu me entregue a ela, sem receio de me enganar (como se fosse possível enganar-se mais ainda). Onde começa ela a ficar nociva, e onde se detém a confiança do espírito? Para o espírito, a possibilidade de errar não é, antes, a contingência do bem?" André Breton - Manifesto Surrealista (trecho)

Um comentário:

Marcelo Petter de Vargas disse...

A liberdade é uma criança coreana equilibrando-se nas extremidades da Muralha da China.

Ela brinca, corre solta.

Solta pipas, prende a respiração.

Pede licença, passagem.

Tropeça, cai, levanta.

Ergue e forma levantes.

Mas assina termos comprometedores e disfarça os traços orientais.

Impossível passar despercebida.

Pouco importa o veneno que carrega ou a ideologia que impõe, basta escrever por linhas tortas e espremer o antídodo.

Liberte-se que serás também.