14 setembro 2008

Ser e não parecer ser

Espantoso como tudo, absolutamente tudo, pode ser banalizado, vulgarizado, simplificado, profanado. Não, não sou uma purista elitista. Sou só uma pessoa que fica “de cara” com certos usos que fazem das coisas. É essa tal de moda. Abomino isso. Faz qualquer coisa boa se transformar em algo idiota. A bola da vez é o coitado do Nietzsche. (Nisso entra Karl Marx e Dostoiévski). O lido da vez deve estar se revirando no caixão. Não sei direito como foi que começou, acho que talvez com aqueles livros que viraram best-sellers na velocidade da luz. Não vou falar mal desses livros, inclusive os li, mas daí a sair lendo e no dia seguinte transformar o “personagem principal” como herói já é demais não? Mas não posso deixar de colocar um pouco da culpa da banalização do Nietzsche nesses livros. Assim, como Che Guevara é moda e vive estampado em camisetas e quem as usa não sabe nem a metade do líder revolucionário, mesmo assim, carrega no peito a sua face... É incrível como uma leitura densa, difícil, por vezes até enfadonha seja classificada por aí como "legal" e "divertida". Ou eu não aprendi a ler e minha mente é muito rasa ou está havendo alguma confusão. Se eu quero me divertir eu vou ler qualquer coisa, menos Nietzsche! Enfim, parece que dizer que você lê ou leu o tio do bigode te faz alcançar um patamar superior, você passa a fazer parte dos "escolhidos que lêem Nietzsche". Ah, me poupem desse fingimento todo. Duvido que um terço dessas pessoas que se intitulam "leitoras de Nietzsche" realmente o tenham lido, e dessas, duvido que um terço tenha entendido alguma coisa. É isso que é ridículo, essa necessidade de parecer algo que não é! Acho que as pessoas têm de ser sinceras, se não com os outros, pelo menos consigo mesmas. É o mínimo. E, aliás, isso é que o Nietzsche dizia ser o essencial. Não transcender as formas banais de se pensar. Ele era louco, era doente, neurótico. Não é exemplo, não é um herói. Era um gênio, e merece respeito. Sei lá! No mínimo as pessoas deveriam ler os livros dele de verdade. Não só dizer que leram. Bah que mundo...

3 comentários:

Eduardo disse...

O Paulo Francis dizia, "não li e não gostei". Era autêntico. Essa nova turma é o contrário, "não li e gostei".

Daniel Nérso disse...

O mundo é feito por pessoas que lêem Wikipedia, sujam as camisas do Che com o molho do BigMac e usam Allstar da Nike contra com capitalismo opressor!

Daniel Nérso disse...

Aliás, lêem SÓ wikipedia!